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sábado, 9 de julho de 2011

Teixeira, sobre denúncias contra sí: "...caguei montão."

Um festival de desprezo às instituições, à classe política e ao país; é o "dono do Brasil". É isto o que você dirá após ler a matéria de Daniela Pinheiro da revista Piauí, em sua edição 58, de julho, que traz a publicação de entrevista com Ricardo Teixeira, o "todo poderoso chefão" da CBF.
Presidente da entidade a 22 anos, Teixeira concedeu uma entrevista recheada de palavras de baixo calão e muita arrogância, algo inadmissível em uma pessoa pública, dirigente de uma Confederação Brasileira de Futebol que pretende ser, inclusive, presidente da Fifa; pelo menos é o que se dá a entender em suas pronúncias. 
A entrevista foi realizada durante congresso da Fifa, na Suíça, e Teixeira atirou para todos os lados, falando contra tudo e contra todos, poupando poucos. Criticou David Triesman e Andrew Jennings, cartola inglês e o jornalista, consecutivamente, que o acusaram de corrupção. Jennings escreveu um livro sobre a corrupção na Fifa. O presidente da CBF também "sentou a lenha" em parte da imprensa brasileira. Adivinha quem, ou qual emissora, ele poupou?
Triesman, ex-presidente da Federação Inglesa de Futebol, foi quem acusou Teixeira de pedir dinheiro para votar na candidatura inglesa para a Copa de 2018, que será realizada na Rússia. Mas à jornalista Daniela Pinheiro, o presidente da CBF disse: "Esquece, isso é tudo armação. Esses ingleses estão putos porque perderam, eles não se conformam. Esse Triesman está tendo de explicar na Justiça como gastou 50 milhões de dólares, sendo 15 do governo, na candidatura da Inglaterra. É uma quantia absurda, não se explica. Nós gastamos R$ 3 milhões e levamos 2014. Eles não engolem isso, percebe?".
Partindo do mesmo princípio, o do ataque, Teixeira usou o termo "fanfarrão" para classificar o jornalista Andrew Jennings, e disparou: "Minha querida, presta atenção, raciocina: a BBC é estatal, é do governo, entende? É interesse do governo inglês anular a escolha da Rússia e tirar o Brasil do páreo, porque eles acham que podem nos substituir na última hora (em 2014). É tudo orquestrado, percebe?".
Citando os casos de contrabando no avião da Seleção em 1994, a CPI da Nike e a do Futebol, além das denúncias sobre a Copa de 2014, Ricardo Teixeira disse que não está preocupado porque "não saiu no Jornal Nacional". Ele ainda citou que não se preocupa com as constantes denúncias de veículos como UOL, Folha de S. Paulo, Lance! e ESPN que, segundo ele, dão "traço" de audiência: "Já falaram tudo de mim: que eu trouxe contrabando em avião da Seleção, a CPI da Nike e a do Futebol, que tem sacanagem na Copa de 2014. É tudo coisa da mesma patota, UOL, Folha, Lance, ESPN, que fica repetindo as mesmas merdas", afirmou.
Sobre como se sentia sendo alvo de tantas denúncias e tendo-as publicadas em todo o mundo, de uma só vez, Teixeira disse: "Não ligo. Aliás, caguei. Caguei montão", disparou.
Teixeira também disse que os negócios da CBF não deveriam chamar a atenção da imprensa. "Que porra as pessoas têm a ver com as contas da CBF? Que porra elas têm a ver com a contabilidade do Bradesco ou do HSBC? Isso tudo é entidade pri-va-da. Não tem dinheiro público, não tem isenção fiscal. Por que merda todo mundo enche o saco?", indagou.
Para o dirigente, tudo não passa de inveja dos brasileiros. "O neguinho do Harlem olha para o carrão do branco e fala 'Quero um igual'. O negro não quer que o branco se foda e perca o carro. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria."

Sobre a polêmica da indefinição dos estádios paulistas e sobre o Itaquerão ser, ou não ser, palco da abertura da Copa do Mundo 2014, Teixeira culpou a imprensa. "A imprensa é a maior culpada disso. Por ser toda paulista, passou três anos tentando enfiar goela abaixo o Morumbi. Com isso, atrasaram todos os projetos".
No fim da entrevista, Teixeira revelou à repórter a sua visão sobre o futuro: "Em 2014, posso fazer a maldade que for. A maldade mais elástica, mais impensável, mais maquiavélica. Não dar credencial, proibir o acesso, mudar horário de jogo. E sabe o que vai acontecer? Nada. Sabe por quê? Porque eu saio em 2015. E aí, acabou".

Por que Ricardo Teixeira age assim, com tanta arrogância e abuso de poder à frente da maior instituição de futebol do Brasil? Porque ele sabe que não haverá punição, tampouco algum tipo de veto, suspensão ou condenação por parte do governo deste país, do Ministro dos Esportes, por exemplo. Como ele mesmo disse, a CBF é uma instituição privada e, sendo assim, ninguém tem nada a ver com suas práticas espúrias diante da presidência da confederação. Durma-se com um barulho destes.

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